A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lançou um comunicado esta semana, orientando sobre a vacinação para mulheres gestantes e lactantes. A entidade deixa bem claro no documento que esta orientação é válida para a vacina que já está sendo disponibilizada para aplicação, após aprovação da Agência Nacional de Saúde (ANVISA) para uso emergencial no Brasil; Vacina do Laboratório Sinovac (Coronavac) para uso em adultos maiores de 18 anos em regime de duas doses com intervalo de 2 a 4 semanas.

       A segunda vacina aprovada pela Anvisa, mas que ainda não está disponibilizada, é a do Laboratório Serum (COVISHIELD) para uso em adultos maiores de 18 anos em regime de duas doses. A Febrasco informou que atualizará as recomendações com esta formulação, assim que a vacina for incorporada ao programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil.

RECOMENDAÇÕES DA FEBRASGO,

NA ÍNTEGRA:

Com a autorização da ANVISA e revisão de literatura, a Febrasgo recomenda:

  • A segurança e eficácia das vacinas não foram avaliadas em gestantes e lactantes. No entanto, estudos em animais não demonstraram risco de malformações.
  • Para as gestantes e lactantes pertencentes ao grupo de risco, a vacinação poderá ser realizada após avaliação dos riscos e benefícios em decisão compartilhada entre a mulher e seu médico prescritor.
  • As gestantes e lactantes devem ser informadas sobre os dados de eficácia e segurança das vacinas conhecidos assim como os dados ainda não disponíveis. A decisão entre o médico e a paciente deve considerar: o nível de potencial contaminação do vírus na comunidade; a potencial eficácia da vacina; o risco e a potencial gravidade da doença materna, incluindo os efeitos no feto e no recém nascido e a segurança da vacina para o binômio materno-fetal.
  • O teste de gravidez não deve ser um pré requisito para a administração das vacinas nas mulheres com potencial para engravidar e que se encontram em condições de risco.
  • As gestantes e lactantes do grupo de risco que não concordarem em serem vacinadas, devem ser apoiadas em sua decisão e instruídas a manterem medidas de proteção como higiene das mãos, uso de máscaras e distanciamento social.
  • Os eventos adversos esperados devem ser monitorados
  • As vacinas não são de vírus vivos e têm tecnologia conhecida e usada em outras vacinas que já fazem parte do calendário das gestantes como as vacinas do tétano, coqueluche e influenza.
  • Para as mulheres que foram vacinadas inadvertidamente e estavam gestantes no momento da administração da vacina, o profissional deverá tranquilizar a gestante sobre a baixa probabilidade de risco e encaminhar para o acompanhamento pré-natal. A vacinação inadvertida deverá ser notificada no sistema de notificação e-SUS notifica como um “erro de imunização” para fins de controle. [Informe Técnico]

Risco da infecção do SARS-Cov2 na gestação

* Alguns trabalhos sugerem que gestantes com COVID-19 sintomáticas, estão sob risco de doença mais grave comparadas com as mulheres não grávidas. [Ellington MMWR 2020Collin 2020Delahoy MMWR 2020Panagiotakopoulos MMWR 2020Zambrano MMWR 2020]. Embora o risco para doença grave seja baixo em gestantes, alguns dados indicam que uma vez com a COVID-19, existe um risco maior para complicações como uso de ventilação mecânica, suporte ventilatório e morte comparados com mulheres não grávidas com doença sintomática. ,[ Zambrano MMWR 2020]

* Assim como na população geral, as gestantes com comorbidades como obesidade e diabetes apresentam um risco aumentado para complicações da doença. [Ellington MMWR 2020,  Panagiotakopoulos MMWR 2020,Knight 2020,  Zambrano MMWR 2020]

* Também as gestantes da raça negra e as brancas hispânicas apresentaram uma taxa aumentada de infecções e mortes por COVID-19. Essas diferenças refletem os fatores socioeconômicos que incluem o acesso aos cuidados de saúde.[Ellington MMWR 2020Zambrano MMWR 2020]

Conclusão:

       Até o momento da publicação dessa recomendação, duas vacinas foram aprovadas pela ANVISA para uso emergencial. Entretanto, somente temos a disponibilidade de uma que se encontra no país. Com a iminente promessa de chegada de outro produto e futuras submissões de outras formulações, a Febrasgo estará atualizando essas recomendações de maneira contínua, o mais rapidamente possível, para assegurar um guia seguro para uso dos seus associados.

Autores: Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo

https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1207-recomendacao-febrasgo-na-vacinacao-gestantes-e-lactantes-contra-covid-19